27 de abril de 2024
Memória

BLOWING IN THE WIND

Batismo de Cristo (1710) – Arent de Gelder – Museu Fitzwilliam, Universidade de Cambridge, Reino Unido


Se eram ou são os deuses astronautas, permanece a incerteza.

A humanidade sempre acreditou que os problemas do planeta seriam resolvidos somente com intervenções externas.

Do além.

Cósmica, celestial, alienígena, transcendental, divina.

Não são poucos os que procuram vida inteligente além da atmosfera.

Relatos de avistamentos de objetos voadores não identificados e de seus tripulantes são encontrados em toda parte.

Seres diferentes mas ainda parecidos. Humanóides.

Neste assunto, a imaginação voa à velocidade da luz.

A ficção se encarrega do resto e de levar para telonas e telinhas, episódios edificantes, sombrios, devastadores, atemorizantes, poéticos. Do bem e do mal.                                   

Todas, histórias fascinantes.

A mais famosa conta que em 1947,  em Roswell, uma cidadezinha perdida no deserto do Novo México, uma nave alienígena teria caído no areal.

Mortos, sobreviventes e os restos da fuselagem, dizem os crentes, foram recolhidos pelo governo.

O caso passou a ser um dos maiores mistérios. Evidências escondidas em bases secretas e arquivos subterrâneos.

Não foi daquela vez que o planeta azul entrou nos eixos.

Há 40 anos, na pequena Casimiro de Abreu a 140 kms do Rio de Janeiro, um senhor de aparência comum, vindo não se sabe de onde, com sotaque nordestino, anunciou a chegada próxima, de uma nave de jupiterianos que fariam os primeiros contatos com os terráqueos e suas autoridades.

O local previamente marcado, como se os visitantes dispusessem de GPS (que ainda não havia sido inventado em nossa dimensão), em uma fazenda, foi logo cedido, limpo e aplainado.

O prefeito preparou recepção oficial e o presente de boas vindas.

Sem ao menos saber se os hóspedes tinham o hábito da leitura, embrulhou em papel laminado festivo, uma enciclopédia. Inteira.

O adiamento do pouso, atribuído à invasão da área pelos curiosos, gerou frustração e quase acaba em pancadaria.                       

O profeta faleceu poucos meses depois, de complicações do diabetes.

Um nova data para a frustrada visita nunca foi marcada.

O mundo não seria transformado a partir do país abençoado pelos deuses da espaçonave e bonito por natureza.

Maltratado, descuidado, superpovoado, cheio de conflitos internos e problemas no sistema de arrefecimento,  em trajetória errante e destino ignorado, o planeta azul ainda desperta interesse externo.

No início da terceira década do século XXI, os  invasores não deram margem a reações. Só ao pânico generalizado.

Chegaram sem aviso prévio, sem arautos, sem escolher interlocutores.

Imprevisíveis e invisíveis, na guerra não declarada, adotaram a tática das múltiplas frentes de batalha.

Inúmeros combatentes, com determinação, avançaram, transformando qualquer equipamento confiscado, em mais uma arma bélica.

E os rendidos, em multiplicadores das suas políticas e regras, em todos os territórios ocupados.

Divisões internas e de crença em divindades diversas, impediram que a mensagem clara e objetiva, fosse entendida.

O adivinho Bob Zimmermann canta há muito tempo.

Ela está soprando ao ar

A maneira de viver dos habitantes da Terra precisava mudar.

Que viesse tempo de mudança.

E que depois da pandemia, o tempo de bonança começasse numa vida mais simples, mais longa e mais fraterna.

No lugar da paz, multiplicam-se conflitos e guerras insanas.

O Sonho de Jacó (1715) – Arent de Gelder – Galeria de Fotos de Dulwich, Londres, Reino Unido


(O texto, publicado em 19/03/20,  foi  atualizado)

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