Campanha municipal começa pela formação das nominatas

Roda Viva – Tribuna do Norte – 09/08~23

Recentemente, em um debate sobre as próximas eleições municipais, um acreditado analista político recorreu às leis da física para fortalecer seus argumentos:

“Na política, como na física, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço simultaneamente.”

Um cientista político, também presente, com a superioridade que caracteriza os profissionais de sua categoria, ponderou:

“A analogia que você fez entre física e política é interessante, mas vale ressaltar que a relação entre corpos físicos e a dinâmica política é metafórica.”

Na física, o princípio de que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo é derivado das leis da natureza, enquanto na política, a questão de ocupar espaço se refere mais figurativamente à representação em um determinado ambiente político.

FORÇA DA NOMINATA

É por isso que, com a regularidade das marés, as nominatas ocupam o seu lugar no noticiário político (sempre nas vésperas de acabar o prazo para filiar quem pretende ser candidato no próximo pleito) e, em seguida, desaparecem até a próxima eleição.

Como no Brasil, partidos ainda são pura ficção, as lideranças (sobretudo as que mudaram de legenda) trabalham para estimular filiações e para contarem com o apoio de candidatos que estarão no mesmo barco partidário, participando das mesmas angústias.

É o que está acontecendo agora na política do nosso Rio Grande do Norte, assim como no resto do Brasil. Aqui e agora desenvolve-se a corrida para acomodação de pré-candidatos a vereador nas eleições municipais do próximo ano. Havendo uma participação mais visível na capital, que tem o maior eleitorado do RN, com mais de 583 mil eleitores.

E o PSDB, do deputado Ezequiel Ferreira de Souza, com maior bancada na Assembleia Legislativa, é quem está tendo uma atuação mais ostensiva, assim como os Republicanos do prefeito Álvaro Dias, que chegou a ensaiar a formação de um chapão, tendo como base os 16 vereadores que lhe apoiam na Câmara Municipal.

NOMINATA É A PRIMEIRA PENEIRA

A formação de nominatas, a seleção e organização dos candidatos de um partido em uma eleição municipal, é um processo crucial para o próprio fortalecimento partidário e o seu sucesso na eleição.

As principais razões para o êxito de todo o esforço que vem sendo desenvolvido neste momento, segundo gente muito experiente, incluem:

Representatividade: Uma nominata bem planejada permite que o partido apresente candidatos que representem diversos setores da sociedade, incluindo diferentes grupos étnicos, sociais, econômicos e culturais. Isso ajuda a atrair um eleitorado mais amplo e a garantir que as vozes de diferentes segmentos da população sejam ouvidas.

Amplitude de Propostas: Uma nominata diversificada pode trazer uma gama mais ampla de ideias e propostas para o debate público. Isso enriquece a discussão política e oferece aos eleitores mais opções para escolher candidatos cujas plataformas correspondam às suas preocupações e valores.

Apoio Partidário: Quando um partido tem uma nominata forte e bem organizada, seus membros e apoiadores são mais propensos a se mobilizar e colaborar em campanhas eleitorais. Isso aumenta a coesão interna e a capacidade do partido de realizar uma campanha eficaz.

Competitividade: Uma nominata robusta permite que um partido concorra em múltiplos distritos eleitorais, maximizando suas chances de obter votos e, consequentemente, mais cadeiras ou posições eleitas.

Negociações Políticas: Em sistemas multipartidários, a formação de nominatas também está ligada a negociações políticas entre partidos para formar alianças ou coligações. Isso pode aumentar a influência e a capacidade de governança de um partido, especialmente em níveis locais.

MUITOS FATORES

Para uma avaliação sem distorções, vale ressaltar que a qualidade da nominata vai além da diversidade de candidatos. A escolha cuidadosa dos candidatos com base em sua integridade, competência, experiência e compromisso com o bem público também desempenha um papel crucial no sucesso eleitoral e no fortalecimento dos partidos.

Entre muitos detentores de mandato, ainda não chegou o momento de mudar para uma nova legenda. Um figurinha respeitada na Câmara de Natal disse que só vai definir esse assunto na 25ª hora, nos idos de março. Outro, com vários mandatos no currículo, acha que a prioridade dos vereadores nem sempre é a mesma dos donos dos partidos e mantém o mistério “em política, tem de correr contra o tempo.”

E a sentença final do cientista político: “A analogia entre a física e a política destaca a importância de evitar a sobreposição de candidatos, com base em sua integridade, e criar uma nominata coesa e abrangente para garantir o sucesso eleitoral e o fortalecimento dos partidos políticos nas eleições municipais, e até em outros contextos.

Na matemática, existe outra relação. Para as 29 cadeiras da Câmara de Natal, existem 583 mil eleitores aptos a concorrer. Mas tudo começa pelas nominatas.”