ENTRELINHAS
O mês das noivas apressadas e de todas as outras mulheres, é também o mês da pandemia.
Foi quando a peste chegou há um ano.
Foi quando violentamente recrudesceu em novas curvas, cepas e variantes.
Para o aprendiz de cronista, é tempo de lembrar o mais falado de todos os rascunhos.
E relembrar que linhas tortas não são entendidas por quem tem leitura reta, rasa e estreita.
Uma paródia de um decreto governamental, primeiro dos muitos que se sucederam, simulacros de tantos outros, onde eficazes, protegeram o povo sob guarda e escudo dos lockdowns de verdade, quase abrevia a sobrevida do subscrevente, na selva das letras.
O texto, respeitoso à governadora e à redação oficial, parágrafos, incisos e considerandos, foi desclassificado alarmista pelos que criam nos expedientes corridos das repartições estaduais, para o controle da contaminação.
As medidas imaginadas mais ousadas, fechamento do que há anos não abria e suspensão das aulas durante a greve rotineira dos professores, carimbadas de fakenews em nota paga com dinheiro público desperdiçado, retratam o que resulta do cruzamento de leitura apressada com analfabetismo funcional.
Um ano depois, a aglomeração dos que continuam desorientados no terreiro onde cantam os galos, não para de crescer.
Uma notícia que não obedeceu às normas de redação da editoria policial, quase acaba em teste de DNA, o que não deixaria de ser assaz apropriado.
Um desabafo postado no aplicativo de relacionamento de restrito grupo familiar, serviria para alertar mais pessoas do risco que corre quem passa por semelhante situação.
A chegada em casa, de pessoa idosa, acompanhada da filha, transportada em ambulância, na madrugada, foi a oportunidade para meliantes praticarem assalto, invasão e roubo.
Está no texto que violências outras não houve, além das poucas perdas materiais e trauma psicológico.
O local da ocorrência, devidamente registrado, mesmo sem a precisão do GPS, bem como a denúncia da majoração criminal pela desobediência ao toque de recolher, não excetuado aos malfeitores.
A falta de identificação e CPF da vítima, (que os fora-da-lei pertencem sempre ao genérico fugitivos), foi o bastante para um bombardeio de perguntas a quem próximo, interessado e conhecido fosse, por laços de família e amizade.
Bastou o relato da mulher do primo da patroa cair na rede, que o anonimato sobrou para o escrevente-redator.
Na busca de confirmação do ocorrido e dos detalhes impublicados, muita curiosidade.
Uma velha conhecida da família, boa nas contas, sabendo ser pouco provável que falecidas sejam afanadas, foi mais longe no interrogatório.
Por acaso, o mano metido a blogueiro não teria sido adotado e a mãe biológica, agora aparecida, mais uma sobrevivente da Covid?
O mal que reprise de telenovela não faz…