27 de abril de 2024
Opinião

Epicentro mundial da pandemia Brasil ainda depende do Centrão

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Cassiano Arruda Camara – Tribuna do Norte – 310321
Um país de mais de 200 milhões de habitantes, no meio da maior turbulência sanitária de sua história, vivendo as incertezas de mais de um ano de pandemia, continua cheio de perguntas – e poucas respostas – sobre o seu presente, e sobretudo sobre o seu futuro.
O mais grave é a falta de quem pode dar essas respostas, com a força e a credibilidade de um líder (não estamos falando de um “salvador da Pátria”).
Mesmo eleito sem empolgar o eleitorado, Joe Biden, do alto dos seus 77 anos (o mais idoso dos Presidentes americanos), assumiu o país com o maior número de vítimas da mesma pandemia (número maior do que todos os norte-americanos mortos na Guerra do Vietnam), e sem muito alarde, deu a primeira resposta que seus compatriotas esperavam:
– Antes de completar 100 dias de Governo, 100 milhões de norte-americanos (perto de 50% da população total) estarão vacinados contra a Covid.
E a meta, uma meta pela vida, foi alcançada vinte dias antes do prazo estabelecido. E está sendo dobrada.

TRAGÉDIA BRASILEIRA

Em abril do ano passado, dois meses depois da chagada do Covid ao Brasil, Henrique Mandetta, Ministro da Saúde há 16 meses, tinha o aplauso de 76% dos brasileiros, e o número total de mortos pelo Covid em todo o Brasil era de dois mil (menos do que os atuais índices de óbitos diários da doença).
O Ministro não resistiu ao seu principal “opositor”, o Presidente da República, que nomeou Nelson Teich para substituí-lo. Este ficou, apenas, 29 dias no Ministério.
O substituto de Teich, o general Eduardo Pizaello, ficou como interino e foi ficando até completar dez meses Ministro. Foi demitido pelo fraco desempenho reclamado por apoiadores de Bolsonaro do centrão, que procurou a médica Ludemila Haijar mas ela não aceitou o convite para sucedê-lo.
Ai apareceu o médico paraibano Marcelo Queiroga, apoiado por um filho do Presidente. Foi o escolhido. Mas perdeu toda uma semana sem ser nomeado, por fazer parte de uma empresa, incompatível com o cargo público. Encontra o Brasil com mais de 300 mil mortos pelo Covid, e apenas 9% da população vacinada, sem vagas nas UTIs para infectados, hospitais desabastecidos, uma população apavorada e isolado do resto do mundo, com a maioria dos países fechados para os brasileiros.

NO MEIO DA TORMENTA

Neste Brasil, não existe imagem melhor para retratá-lo do que um avião no meio de uma tormenta e os passageiros assombrados e sem confiança na tripulação e no equipamento. Foi neste cenário que um grupo de economistas de alto nível (quatro ex-Ministros da Fazenda, cinco ex-presidentes do Banco Central e dois ex-presidentes do BNDES), representando diferentes gerações, com prestígio na academia, no mercado financeiro e em diferentes governos, decidiram marcar uma posição. Título do Documento : “ País exige respeito; a vida necessita de ciência e do bom governo”.
Trata-se de uma abordagem da atual conjuntura tendo ênfase na crise brasileira, com sugestões concretas do que deve ser feito para superar a pandemia da Covid-19.
Até em respeito a mais de 300 mil vítimas da pandemia, não existe mais espaço para o negacionismo que chegou a florescer no começo do ano passado, no mundo inteiro por lideranças de diversos países que assumiram o combate a pandemia, até desistirem para não serem os donos do erro.

A HORA DE FAZER

Os economistas, na hora de formalizarem o que precisa ser feito neste momento, para enfrentar a endemia no Brasil, não estão sozinhos. O documento deles, assim como todas as propostas de origem onde existe bom senso, começa pela vacina.
Na hora de comprar a vacina, o Brasil se atrasou, e foi criado um enorme gargalo, determinante do ritmo lento com que a vacinação vem sendo aplicada. Adotando uma estratégia de depender da produção local limitou a disponibilidade de doses ante a alternativa de contratar doses, prontas, como fez o Chile e outros países. O ritmo de vacinação ficou insuficiente para imunizar os grupos prioritários do PNI, neste primeiro semestre.
Houve uma enorme perda de tempo e a compra de doses já prontas agora não garante a oferta do imunizante no prazo que o Brasil necessita para reduzir o número diário de infectados, que vem criando um quadro muito pior do que as previsões mais pessimistas.
No meio dessa corrida surgiu a possibilidade do Brasil produzir sua vacina, e o novo ministro embarcou nessa canoa e as vozes contrárias silenciaram até aqui,

CENTRO DO PROBLEMA
O Brasil se tornou o epicentro mundial do Covid-19, com a maior média móvel de novos casos. Enquanto caminhamos para atingir marcas vergonhosas para um país dito civilizado: 3 mil mortes por dia e um total de mortes acumuladas de mais de 300 mil, com insuficiência de leitos de UTI, carência de insumos e falta de pessoal qualificado. Sem falar numa ampla reforma ministerial, de surpresa, em plena Semana Santa.
E o nosso Rio Grande do Norte?
Além de sua estrutura governamental destroçada, com taxa de desemprego de 14%, e um PIB negativo em 4.1%, ainda sofre enorme perda, recebendo uma cota parte de vacina distribuída pela união abaixo da média pela população. E sem nenhum protesto; nem dos governantes, nem dos parlamentares, nem do Judiciário ou Ministério Público. Numa revoltante demonstração de incapacidade até para reclamar de uma injustiça tão flagrante.
Mantido o ritmo atual, os brasileiros estarão vacinados em três anos, se não aparece outra endemia. – Nem o Centrão aguenta,

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