NOSSAS EXCELÊNCIAS
Fiel ao emprego correto dos pronomes de tratamento, o rock dos Titãs identificou os condestáveis da república pelos detalhes das suas aparências.
Ministros, magistrados, deputados, vereadores senadores.
Todos com suas mangas, capas, golas, fundilhos, perucas.
Nos vocativos e xingamentos, outras características comuns causaram polêmica e censura, incluída a auto, adotada neste pedacinho de território livre que faz questão de se manter hostil a bestas, pedantes e deslumbrados.
Inspirado no mensalão, o hino de guerra dos gigantes, é sempre atual.
Continua no petrolão, na lava-jato, na lava-toga, escalando os céus dos poderosos.
E não deve cessar até destronar Júpiter e outros deuses do Olimpo.
O meritíssimo de Araraquara que exigiu tratamento mais cerimonioso de um colega de ofício, não deve saber da homonímia poty-guarany, adotada nesta nesga da Ilha de Vera Cruz, pedaço feliz da América.
De uso universal e democrático, não requer pedido, fidalguia, requerimento, ordem, cerimônia nem requifife.
É antigo o costume que nem as invasões holandesas e yankees conseguiram acabar.
Desde que o Torto mandou o primogênito Jerônimo, amansar as índias do estuário ao norte da sua capitania, a heráldica e a hierarquia têm sido por aqui, muito bem respeitadas.
Terra de quem homenageia as senhorias, reverendíssimas, eminências, autarquias, magnificências, majestades, onipotências, como não saber saudar adequadamente também os Exmos. Excelentíssimos?
Aqui todo e qualquer maracatu sempre foi tratado por excelência.
Basta merecer.
***
Assista o videoclipe:
(Texto, com alterações, publicado em 5/9/2019)