27 de abril de 2024
Polícia

O DESTINO DOS GALOS

Briga de Galos (1975) – Chico da Silva – Coleção privada

Um ano depois do decreto que extinguiu a Companhia Independente de Policiamento Ambiental, o efetivo se prepara para deixar o Parque das Dunas, permanecendo no local, um posto de apoio permanente para prestar serviços e segurança nas trilhas e adjacências.

É tempo de lembrar um episódio relatado neste TL há exatos três anos, quando uma operação policial fechou a mais conhecida rinha de galos do estado.

A megaestrutura, orgulho da pequena cidade no coração do semiárido, era um exemplo da capacidade empreendedora dos seus empresários.

Funcionando há vários anos, proporcionava  trabalho, renda e lazer a muita gente.

Ginásio coberto, três anfiteatros, octógonos e vários apartamentos climatizados, cada um com capacidades para acomodar oito atletas.

A Arena de Tangará sediava o maior campeonato do estado, com programação em calendário anual, premiando os campeões com  motocicletas zero km e muito dinheiro vivo.

Os superatletas  contavam com assistência médico-veterinária, nutricional e fisioterapia. Todo conforto que pudesse ser oferecido a um penoso.

Apreendidos, foram  acomodados precariamente sob uma lona de plástico em gaiolas exíguas em presídio improvisado na região de dunas, em Natal.

Nenhuma  associação de proteção aos animais  apareceu em defesa  de melhor tratamento e ambiência para os galináceos sob tutela da Polícia Militar.

As informações sobre o destino dos apenados não eram confiáveis.

Alguns teriam conseguido progressão de regime e cumpririam prisões domiciliares, sob custódia dos treinadores e proprietários-investidores.

O total dos aprisionados  foi estimado inicialmente em 29.

Não restaram dúvidas que o plantel galado estava  sendo progressivamente dizimado.

A solução foi pedir  isonomia de tratamento  com outras aves.

Araras, papagaios, curiós, galos de campina  e outras canoras ou não,  que quando apreendidas, são tratadas e readaptadas aos seus habitats naturais.

O  envio dos sobreviventes às florestas de Java e Sumatra foi a sugestão oferecida.

Tudo que se pedia era que  os  bravos guerreiros  pudessem voltar  à liberdade  no lugar onde tudo começou.

 

Chico da Silva – (1910/1985)

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