O LOBO NÃO SAIU DA TOCA
A circulação das notas de 200 reais está completando neste início de setembro, dois anos.
E muita gente nem sentiu o cheirinho do lobo-guará, enquanto o Banco Central já teve de desmentir rumores que as cédulas estariam sendo recolhidas.
Das mais de 400 milhões impressas, a Casa da Moeda despachou para os bancos, menos da metade.
A meia fakenews se explica: a meia-verdade é que a produção da grana mais preta foi temporariamente suspensa.
Por tempo indeterminado
Quem teve a ventura de conhecer a bufunfa, já tem assunto para a pabulagem.
Os que adoraram a novidade, os modernosos por natureza.
E os que viram nos valores inacessíveis para os bolsos da maioria, mais uma oportunidade para ostentar.
O que não se encontrou foi nenhum coitado de vendedor de coco tangendo cachorro selvagem pela praia, oferecendo a troca por duas garoupas.
Ninguém cambiou cachorro brabo por quatro onças pintadas.
Certos estavam as previsões dos geeks e nerds radicais, que dinheiro de papel é coisa sem futuro.
Substituíveis por cartões de plástico, já de olho em poder guardar os criptodinheiros nas nuvens.
O primeiro prejuízo que o cascalho sobrando já causou ao erário não deve acabar em processo por improbidade administrativa.
Havia razões para o lançamento da erva, igualmente viciante mas legal, mesmo sem as vistas embotadas do STF.
Foi justificada pela necessidade de pagar o auxílio emergencial de 600 reais, no platô da curva pandêmica, pelo governo insensível e genocida de então.
Nem anúncio que o valor do pixuleco governamental seria reduzido pela metade, fez parar as rotativas que imprimiam o papel mais valioso de todas as américas, latina e anglo-saxônica
Os gringos mais endinheirados não têm nossa expertise com inflação, mas desde 1969, a cédula deles de mais valia é a de cem bucks.
Até que a banqueira Dilma lance a dos BRICS, o resto do mundo que multiplique pelas suas e veja quanto valem.
Nosso papel-moeda, feito de fibra de algodão tinha mesmo que custar menos que o dos ianques, com 75% de linho egípcio.
Os que eles fazem questão é que as notas circulem e passem de mão em mão.
– Assim, caminha a Economia, estúpido!
Garantem que um dólar pode ser dobrado até 4 mil vezes, e mesmo assim, amarrotado, continua aceito em tudo que é lugar.
Mas nos rincões menos confiáveis, onde também acreditam em Deus, não é de mais um carimbo contra falsários.
Ninguém é perfeito.
Um conhecido colecionador, ex-governador do Rio de Janeiro, também ex-condenado, reclamou do trabalho que dava, manter as suas verdinhas sem mofo, tendo a trabalheira de deixá-las ao sol ou sob lâmpadas especiais para a secagem.
Não era justo que continuasse puxando uma cana brava por lavagem de dinheiro.
A moeda metálica foi invenção dos chineses, mais de mil anos antes do nosso Anno Domini.
Como foram também eles que inventaram o papel, à base de fibra de bambu e casca de amoreira, não é de se reclamar que seja o povo com mais know how em fazer dinheiro.
Eles são mesmo extraordinários.
Se não criaram, espalharam a pandemia.
Foram os primeiros a controlá-la com os lockdowns mais rigorosos e mesmo assim, os que mais cresceram suas riquezas.
Mesmo com tanta pujança, quase ninguém sabe o nome da moeda deles.
Renmimbi.
Que o povão chama yuan.
E vale menos de 1 real.
A quase totalidade das notas trazem estampas das personalidades que fizeram história nas diversas nações.
De uns tempos para cá, os cruzeiros, cruzados, velhos, novos e reais passaram a ser ilustrados com animais da fauna ameaçada de extinção.
A última escolha levou azar, mal sucedida, pouco perambulou fora do Eixo Monumental.
O homenageado demasiado regional, não chegou a conhecer outros biomas, além do cerrado.
Como se dinheiro graúdo fosse feito para ser usado só pela turma de Brasília.
Se ainda houver necessidade de uma nota de maior valor, é bom que os nossos representantes do centrão nordestino já se articulem para emplacar na de 300, um simpático bichinho da caatinga.
O preá.
Tudo a ver.