27 de abril de 2024
Dinheiro

O LOBO NÃO SAIU DA TOCA

Judas Devolvendo as Trinta Moedas de Prata (1629) – Rembrandt van Rijn – Castelo de Mulgrave, Lythe, North Yorkshire, Inglaterra

A circulação das notas de 200 reais está completando neste início de setembro, dois anos.

E muita gente nem sentiu o cheirinho do lobo-guará, enquanto o Banco Central já teve de desmentir  rumores que as cédulas estariam sendo recolhidas.

Das mais de 400 milhões impressas, a Casa da Moeda despachou para os bancos, menos da metade.

A meia fakenews se explica: a meia-verdade é que a produção da grana mais preta foi temporariamente suspensa.

Por tempo indeterminado

Quem teve a ventura de conhecer a bufunfa, já tem assunto para a pabulagem.

Os que adoraram  a novidade, os modernosos por natureza.

E os que viram  nos valores inacessíveis para os bolsos da maioria, mais uma oportunidade para ostentar.

O que não se encontrou foi nenhum coitado de  vendedor de coco tangendo cachorro selvagem pela praia, oferecendo a troca  por duas garoupas.

Ninguém cambiou cachorro brabo por  quatro onças pintadas.

Certos estavam as previsões dos geeks e  nerds radicais, que dinheiro de papel é coisa sem futuro.

Substituíveis por cartões de plástico, já de olho em poder guardar os criptodinheiros nas nuvens.

O primeiro  prejuízo que o cascalho sobrando já causou ao erário não deve acabar em processo por improbidade administrativa.

Havia razões para o lançamento da erva, igualmente viciante mas legal, mesmo sem as vistas embotadas do STF.

Foi justificada pela necessidade de pagar o auxílio emergencial de 600 reais, no platô da curva pandêmica, pelo governo insensível e genocida de então.

Nem anúncio que o valor do pixuleco governamental seria reduzido pela metade, fez parar as rotativas que imprimiam o papel mais valioso de todas as américas, latina e anglo-saxônica

Os gringos mais endinheirados não têm nossa  expertise com inflação,  mas desde 1969, a cédula deles de mais valia é a de cem bucks.

Até que a banqueira Dilma lance a dos BRICS,  o  resto do mundo que multiplique pelas suas e veja quanto valem.

Nosso papel-moeda, feito de fibra de algodão tinha mesmo que custar menos que o dos ianques, com 75% de linho egípcio.

Os que eles fazem questão é  que as notas circulem e passem  de mão em mão.

– Assim, caminha a Economia, estúpido!

Garantem que um dólar pode ser dobrado até 4 mil vezes,  e mesmo assim, amarrotado, continua  aceito em tudo que é lugar.

Mas nos rincões menos confiáveis, onde também acreditam em Deus, não é de mais um carimbo contra falsários.

Ninguém é perfeito.

Um conhecido colecionador, ex-governador do Rio de Janeiro, também ex-condenado, reclamou do trabalho que dava, manter as suas verdinhas sem mofo, tendo a trabalheira de deixá-las ao sol ou sob lâmpadas especiais para a secagem.

Não era justo que continuasse puxando uma cana brava por lavagem de dinheiro.

A moeda metálica foi invenção dos chineses, mais de mil anos antes do nosso Anno Domini.

Como foram também eles que inventaram o papel, à base de fibra de bambu e casca de amoreira, não é de se reclamar que seja o povo com mais know how em fazer dinheiro.

Eles são mesmo extraordinários.

Se não criaram, espalharam a pandemia.

Foram os primeiros a controlá-la com os lockdowns mais rigorosos e mesmo assim, os que mais cresceram suas riquezas.

Mesmo com tanta pujança, quase ninguém sabe o nome da moeda deles.

Renmimbi.

Que o povão chama yuan.

E vale menos de 1 real.

A quase totalidade das notas trazem estampas das personalidades que fizeram história nas diversas nações.

De uns tempos para cá, os cruzeiros, cruzados, velhos, novos e reais passaram a ser ilustrados com animais da fauna ameaçada de extinção.

A última escolha levou azar,  mal sucedida, pouco  perambulou fora do Eixo Monumental.

O homenageado demasiado regional,  não chegou a conhecer outros biomas, além do cerrado.

Como se  dinheiro graúdo fosse feito para  ser usado só pela turma de Brasília.

Se ainda houver necessidade de uma nota de maior valor,  é bom que os nossos representantes do centrão nordestino já se articulem para emplacar na de 300, um simpático bichinho da caatinga.

O preá.

Tudo a ver.

O Dinheiro do Tributo. (O dinheiro de César) (1894) James Tissot Museu do Brooklyn, Nova Iorque.

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