Para o ex-ministro Celso de Mello do STF, Bolsonaro age como “monarca presidencial”

O ex-ministro Celso de Mello se aposentou do STF deixando a marca do equilíbrio, respeito, ponderação.

Aos 75 anos teve que deixar a Corte em outubro de 2020 pela aposentadoria compulsória, mas sua lucidez o acompanhou até os últimos dias.

Um magistrado que não titubeou em contrariar interesses até de quem o indicou ministro do Supremo Tribunal Federal.

É a mesma coragem e altivez que fala à imprensa hoje, que registra as críticas de um presidente da República Jair Bolsonaro  ao Poder Judiciário brasileiro.

Na íntegra a opinião do jurista:

“Um presidente da República que não tem o pudor de ocultar suas desprezíveis manifestações de desapreço pela Constituição da República e pelo princípio fundamental da separação de Poderes, que atribui aos seus adversários a condição estigmatizante de inimigos e que se mostra disposto a atingir, levianamente, o patrimônio moral de um dos mais notáveis juízes do Supremo Tribunal Federal, que proferiu corretíssima decisão em tema de CPI, inteiramente legitimada pelo texto constitucional e amplamente sustentada em diversos precedentes firmados pelo plenário de nossa Corte Suprema, revela, em seu comportamento, a face sombria própria de um dirigente político que não admite nem tolera limitações ao seu poder, que não é absoluto, comportando-se como se fosse um paradoxal ‘monarca presidencial’!”.