27 de abril de 2024
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UM ANO SEM JON

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Nem parece que foi ontem.

Nem parece que foi há um ano.

Enquanto ainda contávamos nossos mortos em dezenas, as notícias que vinham de outras terras distantes eram aterrorizantes.

Quando a tragédia chegou perto e os rostos mostrados e histórias  passaram a ser  conhecidas, os gráficos, tabelas e curvas começaram a ter um significado pessoal.

Ninguém imaginava, nem as mais pessimistas previsões apontavam, que neste pequeno rio grande, em tão pouco tempo, houvesse mais perdas que no maior e mais populoso país do mundo, onde começou a  excursão do terror.

A distância, mecanismo de defesa, transformava perdas em dados estatísticos, como se inevitáveis fossem e imunes a elas estivéssemos.

A compaixão só abandonou a quarentena quando tivemos que velar nossos queridos, amigos e conhecidos, sem abraços e sem calor.

A empatia, despertada  por histórias terminadas antes da hora, da ordem natural, interrompido o ciclo  da vida, sem lógica nem explicação, não reconhece fronteiras.

Mesmo distante, um comovente relato correu o mundo e as  mídias sociais.

Planos e sonho perdidos no emaranhado de fios e tubos de uma UTI.

Jovem viúva e órfãos para se imaginar como levariam a vida,  tendo de carregar o pesado fardo da maior saudade.

A comovente despedida de quem sabia que o caminho que estava percorrendo, não tinha volta, merece ser relembrada, como preito de homenagem aos que não deixaram o último adeus mas enfrentaram o mesmo sofrimento.

Ao saber que seria entubado, Jonathan Alberto Coelho, 32 anos,  funcionário de um tribunal em Connecticut, pai de Braedyn (2 anos) e Penelope (10 meses), deixou uma mensagem no celular que só foi recebida pela mulher Katie, depois de um mês da internação. E da morte.

Eu amo vocês de todo o coração e vocês me deram a melhor vida que eu poderia ter pedido. Tenho tanta sorte, me sinto tão orgulhoso de ser seu marido e pai de Braedyn e Penny.

Katie, você é a pessoa mais linda e atenciosa que já conheci…você é verdadeiramente única…certifique-se de viver a vida com felicidade e a mesma paixão que fez eu me apaixonar por você. Ver você ser a melhor mãe para as crianças é a melhor coisa que já experimentei.

Deixe Braedyn saber que ele é o meu melhor amigo e tenho orgulho de ser seu pai, e todas as coisas incríveis que ele fez e continua a fazer.

Deixe Penelope saber que ela é uma princesa e pode ter o que quiser na vida. Eu tenho tanta sorte…

Não se contenha, e se você conhecer alguém, saiba que se ele amar você e as crianças, eu vou ficar feliz por você.

Seja sempre feliz, não importa o que aconteça!

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Um ano depois.                                                                  -Um novo nível de dor.

One thought on “UM ANO SEM JON

  • ANTONIO RICARDO CALAZANS DUARTE

    Não vemos a hora de pararmos a convivência , com estas histórias emocionantes e carregadas de tristezas.

    Resposta

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