30 de abril de 2024
Turismo

Artigo: “É o começo do fim? Ou é o fim do fim?”

Publico abaixo artigo do hoteleiro Ademar Miranda Neto (Atol das Rocas).

E lembro que nosso blog está sempre aberto a análises sobre o setor de Turismo.

Escrevam. Opinem. Vamos dedicar as sextas-feiras para contribuições deste tipo.

“A cada dia que passa me impressiono ainda mais com os baixos preços que vêm sendo praticados no mercado hoteleiro de Natal e do RN. Quando praticamos a concorrência do menor preço em relação aos nossos congêneres locais e de outros destinos turísticos, não estamos apenas conquistando hóspedes satisfeitos com baixos preços e ou atraindo novos turistas para Natal.

Estamos caminhando talvez para um sucateamento e desaparelhamento dos equipamentos de hospedagem, algo sem precedentes nesse importante setor de nossa economia. Um destino turístico, para ser atraente e desejado, precisa antes de tudo contar com uma boa administração pública, que ofereça qualidade de vida aos seus cidadãos.

Precisa de segurança pública de qualidade, de transportes públicos de qualidade, limpeza pública, ordenamento e boa informação em suas vias públicas, iluminação pública adequada, trânsito fluente e organizado, cidadãos educados, entretenimentos e lazer atrativos, eventos culturais, praias limpas, organizadas e acessíveis a todos.

E muito importante também é a manutenção da publicidade institucional do destino turístico. Tem que ser contínua e constante. A iniciativa privada também deverá ofertar em seus equipamentos os quesitos necessários à satisfação de seus clientes, cobrando por isso um preço justo. Observo que hotéis de quatro e cinco estrelas, que há dez anos cobravam diárias que variavam de R$ 300 a R$ 600, hoje praticam preços de R$ 100 a R$ 200.

Como esse segmento conseguirá sobreviver financeiramente e manter seus equipamentos em boa qualidade, já que além de altos custos de investimentos tem também elevados custos de manutenção? Será que hoje praticamos preços justos ou no passado foram praticados preços exorbitantes? Ganhamos muito dinheiro no passado ou hoje estamos pagando para ter hóspedes em nossos hotéis?

Ou será que descobrimos uma fórmula mágica de reduzirmos custos sem comprometer a qualidade? O chamado custo Brasil (impostos, salários, insumos, tarifas, inflação etc…) só vem aumentando, enquanto os preços dessas diárias, na contra-mão da economia, vêm diminuindo.

Se tais situações, observadas nos equipamentos de grande porte, que por suas dimensões físicas e financeiras são preocupantes, nos médios e pequenos hotéis serão desastrosas. Será que realmente a Copa do Mundo em 2014 será a redenção de nossa cidade? Com apenas alguns dias de um único evento iremos conseguir captar recursos para mantermos nossos negócios saudáveis?

Teremos em pouco mais de um ano uma cidade equipada e preparada, com todos os ingredientes necessários para ser um destino turístico, que é a grande e talvez única vocação econômica de nossa cidade? Observemos que nos últimos anos o número de equipamentos de hospedagem de boa qualidade mais que dobrou em quantidade em nosso estado.

Tudo isso colaborou muito para a melhoria e crescimento do destino turístico, porém a inércia generalizada do poder público não acompanhou tal crescimento, que deveria trazer o consequente aumento do ingresso de turistas a nossa cidade. Perdemos inúmeros voos internacionais captados com ações competentes e escassos recursos do poder publico, porém em inteligente parceria do setor hoteleiro, que norteava aquelas ações.

Acrescemos ainda a isso tudo a globalização da economia e o grande advento da internet, que com suas operadoras virtuais e sites de compras coletivas ofertam outros destinos e até hotéis locais com preços que chegam a ser absurdos de tão baixos, obrigando cada vez mais os hotéis a baixarem seus preços, muitas vezes além dos custos, para manterem seus leitos ocupados.

Não sou um empresário pessimista. Ao contrario, sou inclusive muito confiante que nosso sucesso depende de nossas escolhas e ações no presente. Estou nesse gratificante setor há 24 anos e já passamos por inúmeras crises. Todas foram superadas com o engajamento do setor público e da iniciativa privada, onde buscamos soluções e superações.

A internet trouxe, de forma democrática e em pé de igualdade, a possibilidade de divulgarmos nossos equipamentos de forma mais abrangente e muito mais barata que no passado. A dinâmica da internet nos facilita em muito a divulgação e comparação de nossos hotéis e destinos turísticos. E ainda auxilia também quando temos de nossos clientes o retorno de satisfação através de comentários em sites específicos, permitindo-nos correções na busca da melhoria da qualidade que ofertamos.

Esse mesmo painel virtual, que nos expõe de forma eficiente para divulgar nosso produto, também expõe da mesma forma nossas falhas, erros, deficiências e pontos negativos. Temos cada vez mais um público exigente na qualidade e que busca também baixos preços. Mas há que se tomar muito cuidado para não praticarmos preços abaixo dos nossos custos, pois poderemos comprometer a oferta da tão desejada qualidade por preço baixo.

Deixo aqui uma consideração pessoal para reflexão de todos”

Ademar Miranda Neto 

0 thoughts on “Artigo: “É o começo do fim? Ou é o fim do fim?”

  • Rudson

    Desculpe, mas 100 ou 200 reais não é preço nem de pousada aqui em Natal. Mês passado paguei 150 em um hotel na Salgado Filho. E nossas estrelas em muitos casos são supervalorizadas. Na Europa, Argentina, Chile, 100 reais é um ótimo hotel, excelente, aliás. Por que se constroi tanto hotel em Natal se não há demanda, se a nossa imprensa só faz reclamar as lamúrias do Trade? Isso é o que não bate, não é coerente. Está certo que o Governo não investe como deveria. Contudo, sejamos sinceros, Natal está na mídia em horário nobre e em muitas reportagens especiais. Revistas, jornais. Claro que há reportagens sobre violência e tal, como assistimos todos os dias sobre outras cidades. Quem aqui deixa de ir ao Rio por isso? Alguém já viu um outdoor do Rio aqui, ou propaganda na TV? Nosso Trade pratica sim preços altos por serviços mais ou menos. Exploram o turista. Principalmente gringo. E as companhias aéreas estão fazendo um estrago com o RN e CE. Basta ver movimentação nos aeroportos. Você vai para a Europa pelo mesmo preço de vir para Natal ou Fortaleza, ou mais barato, enquanto um pacote para Porto Seguro ou Maceió sai a 300 reais. E então? Como a cidade recebe tantos novos hotéis e investimentos privados em lojas, shoppings, restaurantes, casas de show e está esta calamidade toda? Como estão construindo um novo aeroporto para uma cidade falida, no fim do turismo? Gostaria de um esclarecimento claro e plausível sobre isso. É contraditório com o que vemos andando pelas áreas turísticas e bairros tradicionais. Escrevo enquanto morador e viajante, pois nem sou do governo nem do Trade.

    Resposta
  • Rudson

    Caro Antônio,

    Que tal um post sobre a reforma do calçadão de Ponta Negra, o projeto para a orla toda? Não temos ainda, enquanto população, uma visão de um jornalista da área como você. Há fotos, notícias e tal, mas apenas olhando a gente vê que algo está sendo feito. Sei lá, talvez você poderia trazer imagens, primeiras impressões do que estão fazendo, prós e contras, o que não é esteticamente bonito, mas pode ser necessário, o que estão prometendo. Opiniões sinceras mesmo. Se pudesse ter acesso aos projetos também seria legal. Opiniões de especialistas em engenharia. Particularmente, como já deixei bem claro aqui por várias vezes, embora não tenhamos calçadão, nossa orla visualmente, natureza, é imbatível. Gosto da via Costeira e de Ponta Negra, olhando para qualquer parte, seja de PN para a via ou o contrário. Creio que uma intervenção média, com a natureza e relevo que temos, ficaria algo deslumbrante naquela área. Dos Artistas para o Forte, acho que não tem jeito. Não é preconceito, mas todas as outras cidades, como Recife, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, concentram praticamente toda a parte nobre da cidade atrás da orla. Nós temos apenas favelas entre a praia dos Artistas e Forte. Creio que podem fazer o mais belo calçadão do mundo, mas o outro lado da rua sempre será feio, e a praia sempre frequentada em sua maioria por farofeiros, batidões, e tal. Eu vou muito ao Forte, mas não vejo como modificar a parte do outro lado da rua. Infelizmente não sei qual seria a mágica, embora todas as capitais com orla bacana tenham quilômetros de orla feia, também. Qual a sua real opinião, não apenas estética, mas de soluções?

    Resposta
  • Salviano

    Somente hotéis e praias não são suficientes para manter de turismo. É preciso estrutura, organização desde a chegada turista no aeroporto até sua saída. Quem anda em Natal, se não a conhecer ou se não tiver um GPS, ficar perdido. Não conhece sua estória, nem suas lojas e restaurantes. Ainda estamos engatinhando no que se refere ao turismo. Nossa sorte são as dunas e praias, presentes de Deus. Sugiro as autoridades competentes, que da próxima vez que forem à Paris, batam muitas fotos e façam anotações. Não é feio colar bons exemplos, feio é não fazer nada.

    Resposta
  • Paulo Roberto Lopes

    Gente boa.
    Parabens por mais essa contribuição(alerta) para o Turismo do RN.
    Ademar é Ademar Miranda Neto.
    Saudações
    Paulo Lopes

    Resposta
  • Paolo Grasso

    Parabéns pela matéria , concordo com o Senhor Ademar em parte , e´claro que o turismo que temos hoje em Natal e´devido ao esforço de todo o empresariado do setor , e as beleza naturais , e´hora de avaliar se Setur , Sectur e vários órgãos publico servem a alguma coisa , e gastar esse dinheiro com infraestrutura , quero aqui lembrar que Natal e´uma cidade ainda hoje sem lixeiras , sem falar do restante , realmente falta o básico para o morador e assim consequentemente para o turista.
    As varias administrações que se sucederam , não somente em Natal , mas também em Extremoz , Nisia Floresta , Parnamirim , foram fracas demais em relação as demais capitais brasileiras , podem visitar João Pessoa , Aracaju ,etc. , aonde vai encontrar outro Nordeste em termos de Infraestrutura.
    Em relação a valores , e´o próprio mercado que define os mesmos , aqui em Natal temos uma grande oferta com uma boa qualidade , os preços do passado de hotéis , imóveis , restaurantes eram inchados devido a exploração de uma fatia de mercado estrangeiro , dirigido ao solteiro em busca de farra , fizemos justamente a guerra a esse tipo de turismo e hoje temos um turismo de otima qualidade, composto pela maioria por famílias e casais , pessoas de classe media que justamente querem pagar o preço justo.
    Como já foi dito , internet não deixa mais espaços para falta de profissionalismo , a mesma leva a falência em tempo real , rsrs.
    Na minha opinião o empresariado do setor do turismo esta no caminho certo , mais do que milagres não pode fazer , só falta uma boa administração publica , e humildade , como diz o Senhor Salviano , aprender com os outros também não e´feio , as vezes não precisa ir no exterior , na nossa vizinha João Pessoa , ja seria suficiente, mas eu vejo que o problema não e´somente relativo ao setor do turismo , e´claramente um problema de como se faz politica , administra cargos e dinheiro publico.
    Vamos agora apoiar Carlão que herdou uma situação desastrosa e pedir mais ousadia , Natal com as suas áreas de preservação , clima único , praias e mar despoluídos (devidos a total ausência de fabricas e grande movimentação de navios) poderia ser uma cidade exemplar no mundo , mais cobiçada do que a própria Paris e digo isso com total convicção.
    Obrigado pela oportunidade.
    Aquele Abraço e que Deus abençoes Natal e todos os seus habitantes.
    Paolo Grasso

    Resposta
  • Rudson

    Sr Paolo Grasso,

    Já fui à Paris algumas vezes e você não diz nenhum absurdo. Natal pode ter museus, ruas bacanas, monumentos históricos relevantes como Paris, mas Paris JAMAIS terá a nossa geografia, o colorido das dunas, mata atlântica, mar, falésias, a beleza natural de Natal. Paris sempre será mais cinza do que verde. Não precisa ir tão alto quanto a famosa torre de Paris, mas basta vislumbrar a cidade de Natal do alto de qualquer prédio, de 10, 30 ou 40 andares: é um deslumbre que homem algum é capaz de copiar. É divino. Por isso acredito que temos mais, que menos, e bastava um empurrãozinho do poder público de tempos em tempos. O básico. Já recebi alguns amigos da Europa e especialmente da França, até mesmo a Adida da Embaixada para Assuntos Linguísticos, no meu pequeno apartamento no Tirol, mas no 25o andar, e eles ficam simplesmente deslumbrados. Nem notam buracos nas ruas. Natal precisa de tão pouco; ou de pouco em pouco. É o que mais me revolta. De grão em grão. Só isso.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *