27 de abril de 2024
Nota

Fábio Faria escreveu discurso pós-derrota para Jair Bolsonaro… que nunca leu

E-mails analisados pela CPMI do 8 de Janeiro mostram que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro preparou um discurso oficial em que ele reconheceria a derrota para Lula.

O texto, preparado pelo ex-ministro das Comunicações Fábio Faria, não chegou a ser lido publicamente pelo ex-mandatário.

O material, em posse da comissão parlamentar, aponta que em 31 de outubro de 2022, um dia após o segundo turno das eleições, Faria enviou uma proposta de pronunciamento para ser lido por Bolsonaro.

A sugestão de discurso foi remetida a Daniel Lopes de Luccas, um dos ajudantes de ordens de Bolsonaro, com cópia para Carlos França, à época ministro das Relações Exteriores.

“Eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições”, diz a sugestão de discurso.

Procurado, Faria confirmou por meio de sua assessoria o envio do texto por e-mail para um dos ajudantes de ordens da Presidência com o objetivo de que fosse entregue a Bolsonaro.

O ex-ministro, porém, não informou por que Bolsonaro não fez o pronunciamento. Procurado via assessoria, o ex-presidente não se manifestou. França não quis comentar o assunto.

Um interlocutor próximo ao ex-presidente relembra que o texto de Faria foi analisado e discutido com outros membros do primeiro escalão do governo antes de ser encaminhado ao ajudante de ordens para imprimir e entregar a Bolsonaro.

O ex-presidente só se manifestou sobre o resultado das eleições no dia 1º de novembro, 48 horas após a vitória de Lula.

Nesse período de silêncio, Bolsonaro ficou isolado no Palácio da Alvorada e reduziu tanto as aparições públicas como as agendas realizadas no Palácio do Planalto.

Antes de realizar o seu primeiro pronunciamento após a derrota nas urnas, Bolsonaro se reuniu no Palácio do Alvorada com 22 ministros, além de aliados e auxiliares.

Após a reunião, Bolsonaro fez um discurso de dois minutos. O ex-presidente, no entanto, não fez menção à derrota nas urnas nem citou o presidente Lula.

Naquele dia, coube ao então ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, anunciar que o governo cumpriria a lei e coordenaria o processo de transição de governo com a equipe do petista.

Fonte: O Globo 

 

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